Eu não sou, completamente, melancólico… – Isso seria um carma. O meu desgosto é um cisco no olho. Insignificante. Não tem a força de me fazer renunciar à vida, portanto. Mas, que incomoda. É estranho pensar que depois de mim só haverá o antes de mim… – Alguém concebe um desfecho diferente?
A morte é tão intensa que não nos deixa como herança sequer as lembranças. Nada. Porém, não posso negar que esse é o melhor dos planos. Comigo, essa desgraçada ansiedade. Não há castigo pior que a morte em vida. Existir com a desventura de cada hora.
E o prazer é falso; e as visões são turvas; e as vozes são dolentes. E essa dor que não consigo descrever, nem é dor, de fato. Viver assim é, no mínimo, pilhérico. Tentam nos enganar com soluções farmacológicas… – E outros prescrevem amores – Que servem, apenas, aos propósitos desses amores. E há quem diga que é falta de Deus. Felizes, os tolos, pois conseguem se desviar do diagrama.
Sigo, então, vivendo (perdoe-me a força de expressão), com a impotência declarada de meus dias terminais.
Misael Nóbrega de Sousa
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