segunda-feira , 28 abril 2025
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UMA POR DIA… Arrancá-la de mim é matar-me ainda vivo

 

Essa extinção dos municípios sepulta a história sociocultural e política do lugar, pois diz aos moradores que eles não terão mais solo pátrio e que serão enxotados, adotados… – Sem mais delongas. Xô! Saiam de dentro de vocês mesmos!!

 
Eu sou parte disso tudo: cada tijolo “sentado”, cada flor de mato, cada bichinho assustado… – O lugar onde enterrei meu pai, a praça, o mercado, a igreja… – Vão continuar ali, mas não me pertencerão mais? Serão entregues ao mundo, arrendados pela lógica das contas do setor público. 

 
Se essa emenda à constituição for aprovada, cidades com menos de 5 mil habitantes irão, literalmente, sumir do mapa. Pelo menos, 68 municípios paraibanos deixarão de existir. Em todo o Brasil, 1.254 municípios se encaixam nessas condições e terão que ser incorporados as cidades vizinhas, a partir de 2026. Lugarzinhos acanhados, é bem sabido… – Pequenininhos. Mas, verdadeiros bocados de ternura.

Essa política de reordenamento territorial é mesmo necessária, senhor Bolsonaro? Que estudos técnicos foram feitos e quais os resultados? Eu preciso saber, pois querem derrubar a minha casa comigo dentro! – Disseram que eu estava pronta. Então, eu fui a noiva. E todas as motivações foram legítimas. Se não cresci, foi porque não me cobraram. Tenho a oferecer o infortúnio de todos os dias emancipados e se não bastar, darei os porvindouros. Só não me venha cobrar progresso. Eu sou do tamanho de minhas necessidades.

O meu coração é raiz desta terra: pacata, inocente, sem desenvolvimento algum, mas que ainda é minha e que resiste à violência descomedida das metrópoles… – Aqui é o meu voltar pra casa. Arrancá-la de mim é matar-me ainda vivo.

De gentílico: quixabense e, também, terezinhense, bonfinense, nordestinense; sou brasileiro, sou boa gente, sou nativo deste lugar; aqui nascido e criado, natural, enraizado, prego batido, madeira de lei…- Xique-Xique, Favela, Unha de Gato; mato e morro, sou o que você quiser… – Só não me peça para desistir daquilo que um dia acreditei.

 

Misael Nóbrega de Sousa

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