A imagem da infância é de um carrossel volteando ao redor de si mesmo. O que se cria na infância? – Castelos de areia, pois não? No máximo, uma formação que apenas sugere… – E se os pais são espelhos, quem somos nós?
A infância é um poço sem fundo onde brincamos de enchê-lo. Ali não se enxerga nada além do óbvio. A vida e a morte são partes lúdicas de um quebra-cabeças… – par ou ímpar? A infância é (in)grata e faz desse apego a sua própria precisão, apoiada na ponderação Divina de que o reino dos céus é dos pequeninos.
Nós somos molestados na infância; e nessa fase invasiva, também, torturados… – Somos coagidos aos modelos padronizadores, não desafiadores.
Cognição e moralidade são sacrifícios; o conhecimento cultural e intelectual é um sacrifício; a familiarização com os códigos e regras é um sacrifício; o bom convívio pela integração social é um sacrifício…
Então, se todo crescimento sugere dor, por que a sensação das boas lembranças?
“Boi, boi, boi… Boi da cara preta, pegue esse menino que tem medo de careta…” O mundo é mesmo o lobo mau, o saci-pererê, a mula sem cabeça.
Perdoem-me: Freud, Klein, Winnicott, Bion, Lacan e Jung. Eu não quero carregar a importância da geração seguinte. Eu quero apenas ser…
Uma coisinha está se mexendo no ventre. É um coraçãozinho, ansioso… E ele pulsa e expulsa. É a vez do parto. E eu parto, com vontade de ficar.
Misael Nóbrega de Sousa
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