segunda-feira , 28 abril 2025
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UMA POR DIA… A face do pai

 

O filho é o pior arquétipo da genealogia humana. Quando apoucado, suga da mãe as energias da vida… – E também: a enfeia, a debilita e a deprime. Usa o choro como denúncia de maus-tratos. E não há afago que o acalente. Dependurado nas tetas da aleitação, surrupia o seu sustento. Assim, dependente, habitua-se à chantagem, relegando a mãe à escrava de seus desejos famintos e à humilhantes sessões de higiene fecais. 

 
Espera na comodidade dos panos, até que venham os primeiros passos… – E o que deveriam ser desafios viram recompensa. O filho é transformado num boneco-fantoche. É quando os pais materializam as suas frustrações: um tipo de compensação pelo que lhes foram negligenciados… – Mesmo que tivessem recebido o que mereciam. Assim, mal-educadas, aquelas criaturinhas reclamam para si tudo o que veem: coisas que se quebram como os devaneios daquela tenra idade. Não sabem que estão ganhando, feito fiúza, as tristes lembranças dos progenitores. 

 
Logo chega a adolescência, sepultando uma infância de que nem se recordam. O que importa é se descobrir. A sua casa não é mais um porto-seguro. Então, ele se permite e passa a acreditar no mundo. O diabo não é tão feio quanto pintam. a frustração, o ciúme, a gratidão… – Não se traduzem em sentimentos. – O filho é acometido de uma falsa alegria. E nada pode desviá-lo dessa experienciação. Não é a queda é o voo. Mais do que se conhecer, testar os próprios limites. 

E, quando acredita que já celebrou de tudo, as imagens vão se desintegrando. – E ele edifica, na liberdade aparente, uma nova prisão, cujos tijolos são os seus dias… – E onde foram agrilhoados os desejos (e esses são também os seus pecados), que o leva à forca de cordões umbilicais. O tempo, então, apresenta-lhe à seletividade…-  É quando se rompe a efígie de filho e o espelho reflete a face do pai.

Agora, trabalha uma forma de bloquear o amor. Pai e mãe passam a ser figurações de um filme real. E ele encontra no canto mais denso da racionalidade, uma forma de acomodá-los ali… – Pacientes de si mesmos. Até que se desintegre o cenário de medo. À noite, vem o remorso a sobrevoar-lhe a cama. – Mas, tudo some com a aurora prima. Como último ato, o filho enterra os únicos que lhe quiseram bem… – E que nunca exigiram dele outra coisa que não fosse o perdão. E sai de cena para continuar vivendo a representação cênica dele mesmo.

 

Misael Nóbrega de Sousa

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