O relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que revelou as movimentações financeiras suspeitas de assessores e ex-assessores da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) também aponta que alguns gabinetes têm até quatro assessores de uma mesma família. Eles movimentam somas de dinheiro que acabaram chamando a atenção do órgão.
Coronel Jairo
É o caso de uma assessora do deputado Coronel Jairo (MDB), preso na Operação Furna da Onça. Maria das Graças Nascimento Melo tem renda mensal de quase R$ 15 mil e movimentou, segundo o Coaf, mais de R$ 500 mil entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.
A irmã e o filho dela, Maria Angélica Nascimento e Paulo Leandro Nascimento, também trabalham no gabinete do Coronel Jairo.
No mesmo período, eles depositaram para Maria das Graças quase R$ 11 mil. Maria Angélica também foi citada pelo Coaf. Ela ganha pouco mais de R$ 7 mil por mês e movimentou mais de R$ 500 mil entre 2016 e 2017.
Deputado Luiz Martins
As relações profissionais e financeiras entre familiares também são fortes no gabinete do deputado Luiz Martins (PDT), outro preso na operação Furna da Onça.
O chefe de gabinete do deputado, José Eduardo Magalhães da Silva, ganha R$ 30 mil por mês e movimentou quase R$ 1,5 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, segundo o Coaf.
Apesar de ter um salário alto, ele recebeu no período pouco mais de R$ 2,5 mil de Flavia Miranda da Silva, Caroline Miranda da Silva e Bruno Miranda da Silva – dois assessores e um ex-assessor do mesmo gabinete. Segundo o Coaf, os três são filhos de José Eduardo.
Deputada Marcia Jeovani
O gabinete da deputada Marcia Jeovani (DEM) também é um ambiente “familiar”. Sonia Regina dos Santos é assessora da parlamentar e ganha mais de R$ 10 de mil por mês. No período de um ano, movimentou mais de R$ 840 mil.
Segundo o Coaf, os irmãos de Sônia trabalham no mesmo gabinete. Carlos Alberto dos Santos ganha pouco mais de R$ 1,1 mil e Viviane Lopes dos Santos, quase R$ 3 mil.
Uma ex-assessora de Marcia Jeovani também é citada no documento. Alessandra Gonçalves Assunção já saiu da Alerj, mas movimentou mais de R$ 200 mil entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. Entretanto, a irmã de Alessandra continua no gabinete, ganhando quase R$ 9 mil por mês. Ela movimentou, no período de um ano, R$ 683 mil.
Ainda no gabinete da deputada Marcia Jeovani, Eliana Lopes do Carmo Lins ganha quase R$ 20 mil. O Coaf considera suspeita a movimentação dela – mais de R$ 400 mil entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.
Já a filha de Eliana, Ana Cristina Lopes Carmo Lins, também é assessora de Marcio Jeovani e ganha R$ 10 mil por mês.
Ana Cristina também está na lista do Coaf com movimentação de mais de R$ 250 mil.
5,5 mil funcionários
A Alerj informou que tem 1.274 servidores concursados e 4.226 comissionados, totalizando 5,5 mil funcionários.
A sede do poder legislativo do estado é composta pelos deputados eleitos, por servidores que fizeram concurso público e por uma lista de assessores, que são pessoas contratadas sem concurso.
Cada um dos 70 deputados tem direito a até 60 assessores. A partir da próxima legislatura, esse número cairá para 40.
Na segunda-feira (21), o procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Eduardo Gussem, ressaltou a falta de transparência em relação aos assessores. A Alerj não dá muitas informações sobre o que essas pessoas fazem e onde estão lotadas.
O que dizem os citados
A deputada Marcia Jeovani disse que uma das pessoas apontadas como sua assessoras no relatório do Coaf nunca fez parte de seu gabinete. Afirmou ainda que nunca teve funcionário fantasma. A deputada também se colocou à disposição do Ministério Público.
A equipe de reportagem procurou a defesa dos deputados Luiz Martins e Coronel Jairo, que estão presos, mas ainda não houve resposta.
G1
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