O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) autorizou a quebra dos sigilos bancários do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e de seu ex-assessor Fabrício Queiroz.
O pedido, feito pelo Ministério Público do Rio, foi autorizado no dia 24 de abril e mantido em sigilo até este momento. A medida se estende não só a Flavio Bolsonaro, Queiroz e seus respectivos familiares e empresa, mas também a outros 88 ex-funcionários do gabinete de Flávio, quando ele era deputado estadual, seus familiares e empresas relacionadas a esses empregados.
Na lista de ex-funcionários de Flávio que terão o sigilo quebrado constam Danielle Nóbrega e Raimunda Magalhães, irmã e mãe do ex-PM Adriano Magalhães da Nóbrega, apontado pelo MPRJ como miliciano e um dos líderes do Escritório do Crime, organização suspeita de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol), executada em março do ano passado. Foragido, o ex-policial é acusado de participação em vários homicídios, registrados em 10 anos. Adriano já foi homenageado por Flávio na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
Também tiveram os sigilos afastados três empresários norte-americanos: Glenn Howard Dillard, Paul Daniel Maitino e Charles Anthony Eldering. Eles são donos de duas empresas ligadas ao ramo imobiliário, a Linear Enterprises, com sede no Andaraí, zona norte do Rio de Janeiro, e Realest, localizada no centro da capital fluminense.
Acusação ao MP
O senador disse nesse domingo (12/05/2019), em entrevista ao Estadão, que o Ministério Público do Rio de Janeiro está preparando uma manobra para dar “verniz de legalidade” à investigação da qual é alvo. Segundo ele, é por isso que os promotores correm agora para conseguir da Justiça a quebra de seu sigilo bancário e fiscal.
“Para que esse pedido, se meu extrato já apareceu na televisão? Eles querem requentar uma informação que conseguiram de forma ilegal”, disse. “Não tem outro caminho para a investigação a não ser ela ser arquivada – e eles sabem disso.”
O Ministério Público reagiu, repudiando as declarações do agora senador: “Flávio Bolsonaro direciona esforços para interromper investigações“.
Entenda o caso Coaf
No dia 6 de dezembro de 2018, um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou movimentação atípica de R$ 1,2 milhão em uma conta no nome de Fabrício José Carlos de Queiroz. O valor se refere ao período entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.
À época, ele estava registrado como assessor parlamentar do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro. Queiroz é também policial militar e, além de motorista, atuava como segurança do deputado. Foi exonerado do gabinete no dia 15 de outubro do ano passado.
Além disso, uma das transações na conta de Queiroz citadas no relatório do Coaf é um cheque de R$ 24 mil destinado à primeira-dama Michelle Bolsonaro. O documento foi anexado pelo Ministério Público Federal à investigação que deu origem à Operação Furna da Onça, realizada no mês passado e que levou à prisão dez deputados estaduais da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Metropoles
Deixe um comentário