Francisco José e Renato Machado foram demitidos da Globo nesta segunda-feira (29). Segundo o Notícias da TV, a saída dos repórteres se deve por causa da nova política da empresa, que está renovando o quadro de funcionários.
Os repórteres do ‘Globo Repórter’ tinham mais de 40 anos de emissora e atuavam no programa semanal. Segundo o site, Ali Kamel, diretor de jornalismo da emissora, enviou um e-mail para se despedir dos jornalistas. Na mensagem, ele diz que como Zé Hamilton Ribeiro e Chico José, a saída foi de comum acordo.
Na mensagem, Ali elogia o profissionalismo dos dois e diz que ambos têm trabalhos para serem exibidos na emissora, principalmente no ‘Globo Repórter’. Francisco José havia acabado de voltar de férias.
“Poucos alcançaram tamanho êxito. Entre as coberturas marcantes da qual participou, eu destaco aquela do acidente nuclear de Chernobyl, em 1986. O stand up que fez, à beira de uma lagoa em Upsala, mostrou a qualidade do seu texto e a capacidade de explicar fenômenos complexos”, diz Kamel em um trecho da mensagem enviada à Machado.
O iG Gente tentou contato com a Globo, mas até o momento do fechamento da nota não houve resposta.
Leia o e-mail completo a Machado:
“A primeira vez que conheci Renato Machado pessoalmente foi em Brasília, na cobertura do impeachment de Collor, eu pelo Globo e ele pela TV. Estávamos na casa de Eliane Cantanhêde com outros tantos jornalistas – e Renato encantando a todos com suas histórias bem humoradas.
Quando cheguei à Globo em 2001, ele já era apresentador e editor-chefe do Bom Dia Brasil, programa cujo novo formato ele ajudou a criar, em 1996, com mais conversa, mais análise. Sucesso imediato, passou a pautar as redações sobre o que vinha pela frente. Tivemos, nesse período, um contato estreito –especialmente durante as coberturas eleitorais, quando preparávamos as entrevistas que seriam feitas com os candidatos. Atento, atencioso, certeiro.
Renato tem uma experiência invejável no jornalismo: BBC de Londres por dois anos, Jornal do Brasil por 14, e, na Globo, desde 1982 (com apenas um ano de afastamento, quando trabalhou para a TV Manchete). Aqui, foi repórter especial, correspondente em Londres por dois longos períodos e editor-chefe e apresentador do Bom Dia Brasil por 15 anos. Cobriu de tudo: guerras, atentados terroristas, revoluções, tragédias, escândalos políticos, acontecimentos culturais, entrevistas com grandes personalidades internacionais.
Poucos alcançaram tamanho êxito. Entre as coberturas marcantes da qual participou, eu destaco aquela do acidente nuclear de Chernobyl, em 1986. O stand up que fez, à beira de uma lagoa em Upsala, mostrou a qualidade do seu texto e a capacidade de explicar fenômenos complexos. Eu cito de memória, e peço desculpas pela inexatidão. Mas era algo assim: “A radioatividade fica presa nas águas paradas do lago, contaminando tudo, inclusive esse chão onde piso. E é exatamente por isso que devo sair daqui logo”. Virou-se de costas e partiu. Algumas palavras, um gesto, e o público entendeu a dimensão da tragédia.
Renato está há cinco anos no Globo Repórter. E não me surpreende que, logo o primeiro programa dele tenha sido indicado ao Emmy, na categoria “Atualidade”. Emprestou certamente ao programa sua experiência com o jornalismo internacional, que começou já na sua estreia na BBC em 1967. Mas também o traqueio no manejo de temas nacionais, culturais e de comportamento. A câmera gosta dele e o público mais ainda.
A maneira cordata que deixa transparecer no vídeo é a mesma com que trata colegas e amigos. Um profissional ímpar, um colega gentil e um amigo querido.”
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