Redução nas perspectivas de crescimento global e o dobro da projeção de inflação são alertas que as consequências da guerra podem piorar.
Por Ricardo Medeiros
Seis meses se passaram após o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, e dentre as suas terríveis consequências, uma ameaça devastadora para a economia global. Governos, empresas e famílias em todo o mundo já sentem os efeitos econômicos da guerra apenas dois anos após a pandemia de coronavírus devastar o comércio global. A inflação está subindo e os custos de energia aumentaram a perspectiva de um inverno frio e escuro na Europa, que está à beira da recessão.
Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a economia global pagará um “preço alto” pela guerra na Ucrânia, que inclui menor crescimento, inflação mais alta e danos potencialmente duradouros às cadeias de suprimentos.
A organização reduziu sua perspectiva de crescimento global este ano para 3% dos 4,5% previstos em dezembro e dobrou sua projeção de inflação para quase 9% para seus 38 países membros, de acordo com previsões divulgadas em junho em Paris. Em 2023, a OCDE estima que o crescimento desacelere para 2,8%.
Há também prejuízos significativos para o comércio global, que provavelmente impactará os países mais pobres com maior intensidade, alerta a Organização Mundial do Comércio (OMC).
Em sua publicação Trade Forecast 2022-2023, a OMC diz que as perspectivas para a economia global “se ofuscaram” desde que a guerra começou em 24 de fevereiro. Os economistas da OMC reduziram suas expectativas de crescimento dos volumes de comércio de mercadorias em 2022 (a importação e a exportação de mercadorias) de 4,7% para 3%.
Segundo a OMC, o impacto econômico mais imediato do conflito na Ucrânia foi o forte aumento dos preços das commodities. A guerra também ameaça o fornecimento de bens essenciais da Rússia e da Ucrânia, incluindo alimentos, energia e fertilizantes. A organização alerta que a interrupção dos embarques de grãos pelos portos do Mar Negro, que estão retomando lentamente, pode ter “consequências potencialmente terríveis” para a segurança alimentar nos países pobres.
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNDP) afirma que o aumento dos preços de alimentos e energia jogou 71 milhões de pessoas em todo o mundo na pobreza nos primeiros três meses da guerra. Os países dos Balcãs e da África Subsaariana foram os mais atingidos. Até 181 milhões de pessoas em 41 países podem sofrer uma crise alimentar este ano, projetou a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultora (FAO).
Em seu discurso no dia 10 de agosto, o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy fez uma pergunta direta: “Quando a guerra terminará?” A resposta para essa pergunta ainda é uma incógnita, mas é a resposta que o mundo inteiro está à espera.
Fontes: OCDE, OMC, UNDP e FAO
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