O Arcebispo Metropolitano da Paraíba, Dom Manoel Delson, comemorou o resultado do julgamento do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que inocentou a Arquidiocese da Paraíba no processo que investiga suposta prática de abuso sexual de sacerdotes contra menores e anulou uma indenização de R$ 12 milhões que a instituição teria que desembolsar. Para o religioso, a inocência da Arquidiocese significa ‘uma vitória muito grande’ em âmbito judicial e traz ‘tranquilidade’ à Igreja.
O arcebispo que não costuma conceder entrevistas com frequência, discorreu sobre os desafios enfrentados pela Arquidiocese da Paraíba, os projetos para o futuro da instituição e comentou sobre temas de cunho social e político que envolvem a Igreja. Pela primeira vez, ele falou sobre a decisão judicial que inocentou a Arquidiocese no processo sobre abuso sexual contra menores. A entrevista foi conduzida pelo repórter Felipe Nunes e contou com a colaboração do cinegrafista Marcelo Júnior.
Denúncias
Para Dom Delson, a vitória da Arquidiocese na Justiça, no processo que acusa a instituição de proteger padres suspeitos de abuso sexual, significa ‘uma vitória muito grande’ e é sinônimo de ‘confiança’ na Justiça. Ele ressaltou que, apesar das críticas, é um direito da instituição se defender perante o Judiciário e exigir provas sobre os fatos denunciados. “Nós cremos que a Justiça tem um papel muito importante em esclarecer os fatos. E a resposta nesse sentido, em benefício da Diocese, creio que nos dá uma certa confiança. O processo ainda não está totalmente concluído. Há possibilidade de apelação, vamos aguardar. Nossos advogados estão acompanhando, mas é uma vitória muito importante, nos dá uma certa tranquilidade”, informou.
Dom Delson foi questionado pela reportagem sobre as providências tomadas pela Arquidiocese para evitar escândalos dentro da instituição. Segundo ele, a Igreja toma algumas atitudes internamente, através do Tribunal Eclesiástico, no sentido de orientar e disciplinar os padres, seguindo doutrinas ensinadas pelo Papa Francisco. Dom Delson lamentou a maneira como as denúncias foram apresentadas à Justiça e lembrou o caso do padre Adriano José da Silva, um dos suspeitos de ter praticado abusos, que morreu durante as investigações sem ver o processo concluído. “Estamos tomando internamente medidas de advertência, de orientação dos nossos sacerdotes, mostrando a responsabilidade de cada um, seguindo as orientações do Papa Francisco. (…) Não estamos passando a mão na cabeça de ninguém”, informou.
Sínodo da Amazônia e celibato
Dom Delson respondeu sobre a possibilidade de a Igreja Católica flexibilizar o celibato. O assunto vem à tona sempre que surgem denúncias envolvendo abusos sexuais envolvendo padres. O tema também foi discutido recentemente, no Sínodo da Amazônia, realizado pelo Vaticano para discutir as necessidades da instituição na região Amazônica. Dom Delson lembrou que o celibato é um dogma da Igreja, mas opinou que a regra pode ser flexibilizada em situações pontuais. “Esperamos que tenha alguma coisa bem concreta para dar resposta a essa realidade da Amazônia. O celibato, para a Igreja, é um dom, e a Igreja não vai acabar com o celibato; mas em certas situações a Igreja pode abrir, para atender as necessidades religiosas da evangelização. Temos experiências em outras partes do mundo. Na Igreja oriental, os sacerdotes são casados”, lembrou.
Polêmica Paraíba
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