A economia brasileira caminha para uma recessão neste ano. Com o impacto do conoravírus, bancos e consultorias voltaram a revisar para baixo as projeções para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) e parte dos analistas dá como certa uma retração da atividade, o que não ocorre desde 2016. Para a maioria deles, a dúvida já é de qual vai ser o tamanho da queda.
O avanço do coronavírus tem provocado uma paradeira na economia global e nacional. Parte da população está isolada em casa, o varejo baixou as portas para ajudar a conter a propagação do vírus, e fábricas tiveram de interromper ou reduzir a produção. Na ponta, o resultado dessa combinação perversa são as demissões anunciadas pelas empresas, o que vai piorar o quadro do emprego no país.
A última vez que o mundo sentiu um impacto tão grande foi na crise financeira de 2008. No Brasil, a doença chegou num momento muito ruim. Os últimos números da economia no ano passado já apontavam para uma perda de ritmo. Antes de o surto se propagar, as projeções para o desempenho do PIB neste ano já estavam sendo reduzidas, já próximas a uma expansão de 1,5%.
“A crise global de 2008 era uma crise financeira e chegou, inicialmente, de uma maneira indireta no dia a dia do Brasil”, diz o economista-chefe do banco BNP para o Brasil, Gustavo Arruda. “Agora, é uma crise com impacto direto na atividade.”
Na leitura dos analistas, o estrago maior na economia brasileira deverá ser observado no segundo trimestre, quando os efeitos da paralisação da economia serão sentidos de forma mais intensa. “Parece que o efeito maior da crise se dará, de fato, no segundo trimestre, em que o contágio atingirá seu pico”, escreveu em relatório o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sergio Vale.
Nas projeções da MB Associados, a atividade econômica deve recuar 0,3% no primeiro trimestre de 2020 na comparação com os últimos três meses do ano passado. No segundo trimestre, o tombo deve ser de 6,5%.
Piora do mercado de trabalho
A volta da recessão no Brasil – a última foi em 2016 – também vai marcar uma reversão no mercado de trabalho. Os números do emprego até mostravam uma tímida melhora, mas os analistas já voltaram a projetar uma piora do quadro.
O banco UBS, por exemplo, estima que a taxa de desemprego medida pela Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios Contínua Mensal, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), deve encerrar o ano em 12,5%, nos dados dessazonalizados. Em janeiro, a desocupação ficou em 11,2%, com 11,9 milhões desempregadas.
“O desemprego encerrou o ano passado melhorando, mas este ano deve terminar com uma piora, subindo”, afirmou Fabio Ramos, economista do UBS Brasil.
O quadro de trabalho também traz preocupações porque uma parcela importante da força de trabalhado está na informalidade – eram 38,3 milhões de trabalhadores em janeiro. Esse contingente deve sofrer com um impacto na renda diante da paralisação de toda a economia.
“Certamente o mercado de trabalho vai piorar, sobretudo quando a gente pensa em ocupação. A nossa projeção era de um crescimento de 1,6% da ocupação neste ano, mas vamos rever este número para baixo”, disse Alessandra, da Tendências.
Globo
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