Ainda que as perspectivas continuem muito incertas, por motivos alheios ao futebol, clubes brasileiros começam a formar consensos nos bastidores. Como, por exemplo, a necessidade de recomeçar competições em partidas disputadas com portões fechados.
Ninguém gostaria de ver jogos sem torcidas nas arquibancadas. É um desrespeito à essência popular do futebol. Ruim até para televisão, cujas transmissões não terão a atmosfera típica de um estádio, e para patrocinadores que dependem da hospitalidade.
– Portão fechado é uma realidade no Brasil e no mundo inteiro. Não vai ter aglomeração no curto prazo. Haverá uma redução drástica dos sócios e das bilheterias – diz Pedro Daniel, diretor da EY
Como provavelmente não haverá segurança para aglomerar 30 mil pessoas num estádio de futebol no curto prazo, no entanto, o recomeço das competições com portões fechados é uma opção inevitável na maioria dos lugares. Não há como cancelar o futebol por uma temporada inteira sem que o mercado inteiro entre em colapso.
Receitas com direitos de transmissão e patrocínios, ainda que prejudicadas pela suspensão dos campeonatos, podem ser integralmente recuperadas pelos clubes desde que não haja mudanças significativas em fórmula de campeonato, quantidade de partidas transmitidas e vendidas para patrocinadores, entre outros fatores.
Sócios-torcedores, associados com frequência nos clubes de lazer e transferências de jogadores são três entradas seriamente comprometidas, entretanto é improvável que elas zerem nesta temporada. Clubes poderão manter parte de seus associados adimplentes, bem como deverão vender atletas para os mercados doméstico e externo – a depender da gravidade da crise no mundo.
As bilheterias zeraram. Elas são irrecuperáveis. Como não haverá segurança sanitária para que estádios recebam público tão cedo, há cerca de R$ 500 milhões em vendas de ingressos que já sumiram.
A depender das perdas que ocorrerão com sócios e transferências, maiores ou menores, o impacto tende a ficar entre R$ 500 milhões e R$ 2 bilhões sobre as contas dos clubes. Isso a considerar um cenário em que clubes mantêm receitas planejadas com direitos de transmissão e patrocínios, além de um calendário com término ainda em 2020.
Por Rodrigo Capelo-Jornalista Especializado em negócios do esporte
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