O Blog do Jordan Bezerra conversou com a doutora Milane Caroline Valdek, psiquiatra que falou sobre diversos temas para a saúde mental das pessoas. Inicialmente, a especialista falou sobre a importância da campanha Janeiro Branco, para a conscientização e orientação da população sobre os cuidados com o emocional.
“O Janeiro Branco é uma campanha que busca conscientizar as pessoas para que elas busquem a sua saúde mental. Buscando a saúde mental, tenha um equilíbrio da parte emocional e, consequentemente, cheguemos à felicidade que tanto buscamos, que não é plena, mas é possível”, disse inicialmente.
Questionado sobre o que pode causar problemas mentais e qual a situação atual do Brasil em relação aos números, Dra. Milane destacou que o Brasil tem muitos registros da doença e os fatores são diversos.
“O Brasil é o país mais deprimido e ansioso da América Latina, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde. O que sabemos é que a situação econômica, os níveis de pobreza, a desigualdade, a recessão são as principais causas de sermos tão atingidos pela ansiedade e a depressão, segundo estudos. As pessoas estão bem mais conscientes de procurar um especialista, mas as pessoas ainda têm aquele estigma, a imagem do doido de rua, das pessoas que não melhoram, e por isso, são chamados de loucos. Mas hoje sabemos que a busca por um tratamento psiquiátrico leva exatamente ao inverso, uma proteção de um futuro quadro grave. Cada vez mais, pais de crianças e adolescentes estão buscando essa ajuda, puérperas, em um pós-parto, também recebem essa ajuda. Então as pessoas têm buscado ajuda e os mitos estão sendo desmistificados”, destacou a especialista.
Sobre a chamada Geração do Mi Mi Mi, a doutora fez questão de desconsiderar esse termo. Segundo ela, não é legal utilizá-lo, pois cada geração tem suas marcas e características, que são formadas por diversas características e fatores diferentes.
“Não acredito que exista a geração do ‘Mi Mi Mi’. Cada geração tem a sua própria característica e essa nova geração foi invadida por uma imensidão de tecnologia. Então é uma geração que, de fato, tem tudo de uma forma imediata, eles têm acesso a muitas coisas que antes se batalhava para chegar àquilo. Então é uma característica de uma geração que precisa de melhora, mas eu não gostos dos rótulos. Não entendo dessa maneira”, enfatizou.
Sobre as doenças da mente em crianças e adolescentes, Dra. Milane destacou que podem não apresentar os mesmos sinais que são comuns em adultos, e por isso a necessidade de ficar atento aos detalhes.
“A criança sofre de depressão, de ansiedade, de esquizofrenia, de transtorno afetivo bipolar, e de todas as outras doenças que estão incluídas na área da psiquiatria e devem ser tratadas o quanto antes. A diferença é que, nas crianças, a clínica é diferente, então uma depressão na criança vem sem sintomas de irritabilidade, ansiedade, muitas vezes. Sem aqueles sintomas clássicos que a gente vê nos adultos. Deve-se procurar sim tratamento. Existem psiquiatras que fazem a parte de infância e adolescência e outros que tratam apenas a parte de adultos, assim como outros mais voltados para a área da geriatria”, lembrou ela.
Ainda segundo a especialista, o uso exagerado de internet e seus recursos pode acarretar em vários problemas de saúde. Ela falou que o vício nesses equipamentos vem por conta de falsas sensações de prazer e iduzem ao uso excessivo.
“Essa parte de telas, tecnologias, acesso às redes sociais trazem para nós um aumento de prazer, aumento da substância chamada de Dopamina, que eleva a nossa sensação de prazer. Depois que eu paro de usar, eu quero mais. O sistema do Like, é justamente isso. Eu gosto de recomendar um documentário: ‘O Dilema das Redes Sociais’, documentário que mostra como as pessoas se viciam nas coisas que elas mesmas fizeram. Então vejo hoje como uma dependência, as pessoas estão dependendo dessa sensação de prazer. Os estudos já mostram isso para a gente”, alertou Dra. Milane.
A especialista ainda orientou para a importância da participação da família e do afeto para as crianças, mas lembrou que podem ser problemas de genética e precisam ficar atentos.
“A segurança familiar, apego seguro que vem da família e o equilíbrio mental são fundamentais e essenciais para que cresçamos emocionalmente saudáveis, porém não é determinante. Então temos fatores genéticos também, que mesmo você tendo todo suporte familiar, todo equilíbrio, venha a desenvolver quadros de depressão, ansiedade, pânico e outras doenças”, finalizou a especialista.
Blog do Jordan Bezerra | Saúde
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