O Blog do Jordan Bezerra conversou com o professor e doutor em meteorologia Mário Leitão, que falou sobre a temática das ondas de calor que assolam Patos e região e também sobre as previsões para o inverno do ano de 2022.
“De acordo com as condições que todos os anos a gente observa nesse período do ano, que é a estação da primavera, nós podemos ter essas temperaturas mais elevadas aí na região, ou seja, essa condição é gerada pela posição que o sol fica mais atino, ele nasce mais cedo e se põe mais tarde, consequentemente o dia tem uma duração maior do que doze horas. Isso proporciona, principalmente em função da Caatinga não ter folhagem ainda, um maior aquecimento de toda a região e nas cidades que tem asfalto e outras estruturas também esse aquecimento é mais acentuado, em função de uma maior absorção de radiação solar. Outro fator que pode contribuir em alguns dias para que a sensação de calor seja maior é um pouco do aumento da umidade do ar. Nessa época do ano a umidade é muito baixa e ela estando um pouquinho acima isso também causa uma maior absorção de radiação solar no ar, e causa como consequência um desconforto térmico, ou seja, uma condição mais acentuada desse calor. É mais ou menos aquela coisa que o povo diz, o tempo está abafado e que muitas pessoas acham que vai chover. Isso pode acontecer em alguns dias, em função desses dois fatores, a combinação do calor que está representado pela temperatura mais elevada e um aumento nessa umidade do ar, então isso pode gerar em alguns casos para frente alguma precipitação, ou seja, algum dia com chuva. No entanto, de acordo com os modelos que nós usamos não há perspectiva ou a probabilidade, é muito pequena, de acontecer chuvas nos próximos dez dias na região, já se trabalha com esse modelo para dez dias, mas isso não implica que não possa acontecer. As vezes os modelos não conseguem detectar.”
Sobre o inverno do ano seguinte, Mário Leitão afirma condições favoráveis para a ocorrência de chuvas acima da média no semiárido brasileiro:
“Nesse momento a gente tem uma situação favorável, que é a ocorrência do evento La Niña, lá no Oceano Pacífico. Quando ele acontece representa uma condição favorável à ocorrência de chuvas no semiárido brasileiro, agora para que isso se constitua efetivamente, em um bom inverno, também é necessário que o Oceano Atlântico, abaixo do Equador e na costa do Nordeste esteja mais aquecido. Quando isso ocorre há uma maior evaporação da água no Oceano Atlântico, os ventos alísios trazem essa umidade que vai para a atmosfera e forma nuvens mais carregadas e, consequentemente, a gente tem em alguns anos a ocorrência de chuvas em torno da média, e essa combinação, oceano mais aquecido e La Niña, pode trazer até chuvas acima da média. Então, vamos esperar até o final do ano pra ver como o Oceano Atlântico tá se comportando e isso vai nos indicar como deve ser a estação chuvosa do próximo ano.”
Blog do Jordan Bezerra
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