segunda-feira , 28 abril 2025
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UMA POR DIA… Caçadores de borboletas

 

 

Às tardes, de todos os dias, meninos escanelados e cabelos tingidos de sol, saiam para caçar sonhos que surgiam de toda parte, colorindo a rua-mundo. Não havia muita perspectiva para quem nascesse naquele lugar. A miudez da vida era o ato de todas as cenas e o único futuro… – Permanecerem meninos.

 

As borboletas pareciam mais fracas à cada primavera.

Não que elas se deixassem abater, mas aqueles voos desengonçados facilitavam a traquinagem.

E, isso, não era mais um desafio de verdade para os filhos-do-vento.

 

As mais lindas borboletas costumavam aportar no jardim que ficava dentro do seminário. E transpor aquele muro – Que divisava o céu do inferno – Era para quem fosse quase-anjo. E lá íamos nós em busca do que nos era Sagrado… Sem nunca pensar em pecado.

 

As pobrezinhas, então, capturadas, eram trancafiadas numa prisão de mentirinha para que morressem no ocaso daquele mesmo dia, encurtando ainda mais a sua existência, já resumida por entusiasmo natural. A temperança não é qualidade de nenhum menino. Isso, também, não quer dizer que eles sejam cruéis. Meninos se bastam no existir do próprio fôlego.

 

No depósito de vidro, batiam as asas, atônitas, sob os olhares insensíveis dos algozes-moleques, que se embrenhavam bairro adentro. As pegadas no chão de terra batida, indicavam sempre o rumo tomado. Um bando de meninos fujões! Mas, nunca se ia tão longe; nem, tampouco, podia ser uma viagem mais demorada. Afinal, crianças ainda têm por quem voltar.

 

E eram de todos os tamanhos, modelos, formatos, cores… – Não eram mais feias nem bonitas. Aquelas borboletas-matizes eram uma representação da vida humana em toda a sua essência. Nos potes, aos montes, não perdiam a graça nem a leveza. Procuravam a luz de nossos olhos e ali morriam, inocentes e imaturas, feito nós meninos.


 

Por Misael Nóbrega de Sousa

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