Com o distanciamento social, em virtude da pandemia do novo Coronavírus, o aumento do número de casos de violência contra a mulher era algo provável, e até ocorreu em alguns estados, uma vez que as pessoas estão mais tempo juntas em casa. Mas em Patos, a delegacia da mulher não registrou crescimento no número de ocorrências, o que inclusive surpreendeu os agentes que lidam diariamente com este tipo de crime.
De acordo com os dados registrados pela Delegacia Especializada da Mulher em Patos, a média de casos de agressão se repete todos os meses no município, em uma faixa de 20 a 25 inquéritos instaurados e 25 a 30 medidas protetivas estabelecidas mensalmente, que é quando o agressor é obrigado a manter distância da vítima.
A queda de medidas protetivas em relação ao mesmo período no ano anterior, entre abril e junho, foi alta. Em abril, o número caiu de 21 para apenas 1 caso. Em maio, de 20 para 2, e em junho, de 32 para 3 caso. Entretanto, esses números mudam em meses com datas especiais, como explica a delegada da mulher, Sílvia Alencar:
“Esses números têm uma variação de acordo com o mês, como em março, quando temos o dia da Mulher, no Mês das Mães, por exemplo e outros meses onde temos alguma festividade. A mulher sofre mais violência nesses meses ou então ela denuncia mais durante estas comemorações”, afirmou a delegada.
Ainda de acordo com os dados da delegacia da mulher, mesmo diante do distanciamento social, as denúncias de violência contra a mulher não aumentaram em Patos, na contramão de outros estados e municípios, que registraram crescimentos exorbitantes.
“Então esta queda causou uma surpresa muito grande até mesmo em pessoas que atuam no combate à violência doméstica diariamente, pois diminuiu mais de 80% o número de solicitações de medidas protetivas”, explicou Sílvia Alencar.
Mas isso não significa, necessariamente, que não estejam ocorrendo agressões e outros crimes, pois existem casos em que as vítimas não denunciam por medo de represália ou por estarem impossibilitadas de alguma forma, embora os serviços continuem funcionando na delegacia civil 24h por dia; nos canais de denúncia como o disk 100 ou 180 e on-line, através do WhatsApp (11) 94494-2415 e outros aplicativos.
Para auxiliar às mulheres vítimas de violência a denunciarem casos de agressão, uma campanha do Conselho Nacional de Justiça e da Associação dos Magistrados Brasileiros foi criada e está ajudando às vítimas de agressão a pedirem ajuda em farmácias por todo o país.
Os ativistas pelos direitos da mulher destacam a importância da campanha para o combate da violência contra as mulheres, sobretudo neste período de distanciamento social, como contou a jornalista Dilany Silva.
“A Campanha Sinal Vermelho nos traz um alerta para que nós não esqueçamos que os números de exploração e violência contra a mulher aumentaram no Brasil. Então é um momento onde nós precisamos exercitar a nossa solidariedade, o nosso conhecimento de que, enquanto eu estou em minha casa, confortável, muitas mulheres foram aprisionadas e passam por uma violência muito maior. Que possamos ter empatia e lutar pelos direitos de tantas mulheres que estão em risco”, conclamou Dilany.
Assista à reportagem produzida pela TV Contexto na íntegra abaixo:
Blog do Jordan Bezerra | TV Contexto
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