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UMA POR DIA…7 de setembro

 

Nem precisava de alvorada… Despertávamos, no dia da Pátria, convocados para honrar às tradições e ajudar a perpetuar os costumes; um quase chamamento à batalha. Inocentes, marchávamos pela avenida-maior de nossas vidas, parecendo um exército de verdade.

 
Meninos escanelados, pé- após-pé, antevendo… Orgulhosamente, arrumados nas fardas dos seus educandários. Um prazer, mais que um dever, fazer parte daquele momento, ensaiado à exaustão.

 
Havia ali uma cidade ansiosa pelos filhos da Pátria, que desempenhando o papel para o qual foram alistados, – Adentravam, enfim, o corredor infinito. A “rua Grande” era toda nossa. Seguíamos, enfileirados, como soldados-meninos, obedientes e disciplinados. Familiares e curiosos, punham-se na ponta dos pés para ver a parada… 

 
– A banda-fanfarra ritmava o nosso coração, e com a força da esperança golpeávamos os paralelepípedos, como que intimidando o chão. uma moçoila de maiô brilhante, à frente da banda, era o abre-alas do nosso viver-moleque. Num outro pelotão, o jovem Fidalgo, imponente, em seu cavalo branco – E de espada em punho,  imitava os livros de história (…). 
Não há símbolo que se sustente por muito tempo sem a ilusão de um povo. E, por isso, imagino que a revolução deveria ser o tema de todos os enredos. 


Hoje em dia, sinto e sofro quando vejo carregarem flâmulas de ontem. O passado é contraproducente, pois ele não pertence a mais ninguém. O caminho a marchar deve ser o que elegermos. E, mesmo sabendo que a liberdade de expressão é um ato de cidadania, o Estado somos nós. 

Para que essa Independência seja plena temos que nos responsabilizar, a cada dia, pelo lugar onde escolhemos morrer, pois assim tornar-se-à mais fácil afastar o que é real da fantasia. A provocação é o que importa, até que deixemos sucumbir a máscara da ignorância.

Espero que as escolas e outras instituições compreendam o desfile de Sete de Setembro como um berro de independência… – Que passa, necessariamente, pela retirada de seus grilhões interiores. 

Não digo que sejam dispensáveis as delongas sobre o patriotismo e seus valores cívicos, mesmo que todos conheçam as sagrações que envolvem a data alusiva.(Nem é essa publicidade alienadora o que me incomoda). Mas, em respeito àqueles meninos que sonhavam com estrelas porquanto dormiam; e nunca contavam estrelas por cupidez… 
– Apenas, em respeito a eles, não digo.


Misael Nóbrega de Sousa

*Extraído do livro: “A rua Grande de Meus País”

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